terça-feira, 15 de junho de 2010

Casamento real provoca sentimento antimonarquista na Suécia

Segundo pesquisa, opositores à Coroa sueca já chegam a 28%.
Celebração é criticada por ser cara, vistosa e arcaica demais.

France Presse

O casamento da princesa Victoria, herdeira do trono sueco, está marcado para o próximo sábado (19) e tem sido duramente criticado pela opinião pública local. Além de ser criticada por ser cara demais, excessivamente vistosa e arcaica, a celebração tem provocado um sentimento antimonarquista do país, embora a família real seja popular.

"Gostamos deles", reconheceu Mona Abou-Jeib Broshammar, que lidera a Associação Republicana da Suécia, ao falar da família real. "Não fazem mal a ninguém", acrescentou. O problema, destacou, é "que herdam o poder".

Esta oposição "não tem nada a ver com as pessoas, realmente", insistiu Peter Althin, antimonarquista e advogado, em documentário sobre a realeza transmitido na segunda-feira na TV pública sueca. Ele admitiu, inclusive, que assistirá ao casamento no sábado. "É lógico que assistirei. É maravilhoso ver duas pessoas que se amam", disse.

Casamento da princesa Victoria, da SuéciaA família real utilizará esse barco, uma réplica histórica,
como parte das celebrações. (Daniel Westling/AFP).

A maioria dos meios de comunicação está às voltas com os preparativos para o casamento. Victoria, de 32 anos, se casará com Daniel Westling, 35, proprietário de academias de luxo.

Ao mesmo tempo, no entanto, a oposição à monarquia disparou. Segundo pesquisa divulgada recentemente, nas últimas duas décadas, o número de suecos que querem abolir a monarquia mais que dobrou, chegando a 28%.

No ano passado, o número de membros da Associação Republicana dobrou até superar os 6 mil integrantes. Para Broshammar, o crescente sentimento antimonarquista na Suécia tem pouco a ver com as pessoas e se deve à necessidade de "avaliar nossas alternativas democráticas".

A distinção é clara na página da associação na internet, onde se podem ver apelos pelo fim da monarquia, ao lado de mensagens que expressam preocupações pelas restrições a que estão submetidos os membros da família real.

Em uma página é possível ver um retrato de Victoria ao lado de uma mulher com véu integral e mais de um comentário sugere que, na Suécia, a princesa é a mais oprimida das duas.

"Segundo a Constituição sueca, uma destas mulheres tem que pedir ao pai permissão para se casar com o homem que quiser", diz um dos comentários. "Uma dessas duas mulheres não tem, segundo a Constituição sueca, liberdade de expressão".

Segundo as leis de sucessão ao trono, o herdeiro ou herdeira não pode se casar sem o consentimento do pai, do rei e do governo.

Além desta imagem retrógrada, os antimonarquistas denunciam que o estilo de vida da realeza é financiado pelos impostos dos cidadãos.

Segundo o chefe de Estado-maior do rei, general Haakan Petterson, a quantia destinada a gastos reais em 2010 superou os 100 milhões de coroas (10,5 milhões de euros, ou US$ 12,8 milhões). O casamento deste sábado custará 20 milhões de coroas, dos quais a metade será financiada pelo Estado.

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